terça-feira, 3 de março de 2009

Desculpa

Eu sei que não tenho muito jeito para isto, aliás, não tenho jeito nenhum.
Se fui parvo?
Sim, talvez. Não sei ao certo.
Cá vai então.
A sexta-feira chega ao fim e a primeira coisa que nos vem à cabeça é: “O que vamos fazer no fim-de-semana?”; É inevitável. Não há dois iguais.
Até aí tudo bem.
Vi-te de manhã e falei contigo.
Estavas bem, aliás, como de costume.
Andavas animada com as tuas amigas.
Era essa a ideia que tinha de ti, não te tratasse eu por manita. Sim, manita. Pode-se pensar muita coisa daqui mas uma delas é certa. Via-te como uma irmã mais nova, alguém alegre e amigável. Características que não dou à minha própria irmã mais nova.
Assim o ficaste.
O tempo não pára e já contamos 3 bons anos de amizade entre nós. Amizade essa que foi crescendo assim como a confiança.
Pois bem. Passa o fim-de-semana e chega aquela tão indesejável manhã de segunda-feira em que se tem de acordar tão cedo para apanhar o autocarro que nos leva à escola. A nós sim, eu também vou no mesmo autocarro que tu.
Nessa manhã havia alguma coisa de diferente. Faltava-te aquele sorriso e boa disposição matinal que sempre tinhas.
Estavas pensativa, algo se tinha passado.
-“O que se passa mana?”
Fez-se um breve silêncio:
-“Problemas em casa…”
Tinha-mos acabado de chegar à escola. Como de costume fomos para os lugares habituais com o resto dos teus colegas.
-“Queres contar-me o que se passa?”
Algum tempo depois começas-te a falar:
-“São os meus pais, estão chateados. Ouvi-os a discutir.”
Como eu sei o que isso é, penso para mim.
Tento-te consolar com palavras meigas mas ao longo da conversa vi um brilho cair-te pela cara abaixo. Estavas a chorar.
No meio de tanta gente não era o sítio mais apropriado.
-“Queres ir lá fora?”
Acenas-te levemente com a cabeça. Levanto-me e toco-te na mão para me seguires.
Assim o fazes. Saio do meio daquela confusão e vou para um lugar mais isolado.
Assim que me viro para trás para ver como estás cais-me nos braços a chorar.
Fiquei um tanto e quanto surpreendido. Aconchego-te nos meus braços e todo o eu foi o teu ombro amigo no qual choraste. Não tiveste medo de chorar mana, aí vi o quanto tinhas crescido em tão pouco tempo.
Passaram-se alguns minutos e algumas lágrimas secaram.
Acabas-te por limpar o rosto, tão vermelho que estava, e de seguida voltámos para junto dos teus colegas. Mostraram-se preocupados contigo ao perguntarem o que se passava.
A campainha tocou. Perguntei-te se querias que te acompanhasse à porta. Disseste que não. Cada um seguiu para seu lado.
Ainda ias com cara de choro. Eu ia a pensar em ti, estava preocupado contigo. Já tinha passado por isso e sabia o quanto era difícil.
Foi uma manhã dura, tanto para mim com para ti. Continuavas fortemente a sofrer por causados teus pais e eu a pensar em ti.
Sem que déssemos por ela, algo despertou. Não sei o quê ao certo mas mexeu connosco. Começámos a falar como nunca antes tínhamos falado. Havia uma maior intimidade entre nós. Fui o culpado por isso, eu sei-o. Também te culpavas por isso. Eu disse-te para não o fazeres, a culpa não era tua. Era toda minha, é incontestável. Algo começou a crescer. Algo tão indeterminado quanto a sua origem. Ainda hoje estou para saber ao certo o quê.
Começámos a sentar-nos juntos, mais que o habitual. Havia algo entre nós, dava para reparar. Não algo físico mas sim químico. Entre conversas, olhares, toques, foi-se alimentando. Provavelmente de falsas esperanças.
Mas afinal quem sou eu para estar a fazer isto a ti mana?
Como se não te bastasse todo o sofrimento causado pelo desentendimento em casa, ainda veio isto mesmo em cima da hora. Foi algo que não controlei e ainda por cima deixei andar.
É que também, para vir piorar ainda mais as coisas, tinha namorada. Sim, tinha no passado, porque de momento não tenho. Uma chatice que não tem nada a ver com isto mas que se juntou também.
Tudo isto junto numa só pessoa ao mesmo tempo é demasiado para se suportar. Até eu que me faço de forte perante certas situações o admito sem vergonha nenhuma. Somos humanos e erramos.
O saber que erramos é o que nos distingue entre tantos iguais a nós.
Bem, é tudo. Deixo-te aqui o meu pedido de desculpas mana. Gostava que voltássemos a ser o que éramos antes de tudo isto…
Tec_Fil

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