sábado, 11 de setembro de 2010

Incógnita

Números, constantes e variáveis. O que são uns mais que outros? No fundo absolutamente nada e nada mesmo. São tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais, em quê não sei, mas que o são são. De equação feita resta calcular o seu resultado duvidoso e tanto questionado sobre a veracidade do mesmo. De tanto para ele olhar apenas um número se vê, se assim se puder chamar por tão incógnito ser. Olha-se de novo do início da equação até ao seu resultado e nenhum erro se encontra, mas, no final de contas, qual o porquê de tal resultado? Anos se dedicam a tentativas da sua correção na vasta procura de um erro mas nenhum se encontra e, mais uma vez se avista o mesmo resultado que vezes sem conta já houvera surgido anteriormente. Uma ultima tentativa de resolução? Porquê, como e para quê? Sim, de incontáveis procuras a uma solução sempre se encalha no mesmíssimo lugar, a incógnita do resultado, não tão simples como inicialmente se pensara, mas muito mais ampla e difícil. Tão dificil que se chega a questionar se vale mesmo a pena o esforço nas tentativas da sua decifração. Sejamos realistas, o que é, no meio de tantas outras, mais uma incógnita? Será que se deve ignorar tal resultado se seguir em frente como se de um erro não se tratasse? Uma sozinha pouco implica mas duas já são alguma coisa e uma por si só é vaga demais para querer um todo só para si e complexa demais para se deixar como se de nada fosse...
Falta esperar a outra

terça-feira, 18 de maio de 2010

Sozinho me encontro, mais do que alguma vez me tinha assim encontrado. Reticente estava perante tal situação, era algo em parte novo para mim. Não sabia o que era e nem tão pouco como era sentir-me e encontrar-me em tal situação.

Deparei-me com uma terrível ausência de ruído que se manifestava através de uma enorme demonstração de silêncio opaco que não se deixava atravessar pelo mais ínfimo ruído que fosse. Juntamente e a pouco e pouco fui dando pela ausência da luz que tanto me houvera perturbado em tempos passados, esta não passava agora de uma ténue vela acesa a tamanha distância que a vista mal a alcançava.

No local onde me encontrava não haviam janelas para o exterior, apenas uma porta que se encontrava ligeiramente aberta mas cuja da qual nem uma pequena brecha de luz se via reluzir em tamanha escuridão.

De súbito sente-se uma leve brisa que trás consigo um, quase que inaudível, chiar da porta e, de repente dou comigo a levantar-me quase que incrédulo com o que acreditava estar para acontecer e sentindo uma leve descarga de adrenalina, não por medo mas por esperança de que alguém lá viesse para além daquela agora entreaberta porta mas não, dela não vinha mais do que uma fria rajada de vento que apagou a já ofuscada e ardida vela que tão longe se via. Não era agora mais que um pavio incandescente que ia perdendo brilho vivamente até se ver um esguio fio de fumo e de seguida apenas mais um ponto negro no meio da escuridão como todos os outros…

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Sentado e desligado de tudo enquanto se vê todo o resto a prosseguir. Pessoas a andar numa amena correria de um lado para o outro, carros que simplesmente nunca param, pássaros a voarem e até a própria dança das folhas ao vento que quase estão ao ritmo da música que se ouvia, não ensurdecedora mente mas alta o suficiente para abafar o que se movimentava em redor.
A música toca e o relógio parece ir parando aos poucos de forma imperceptível, pelo menos para quem ia passando. Nada nem ninguém parava para o observar, assim era o ritmo da cidade, tudo avança sem olhar para trás e assim era dia após dia, 365 dias por ano.
Pouco a pouco fui esquecendo tal ritmo e ia ficando para trás, cada vez mais para trás. Os pés perderam a velocidade que tinham, sentiam-se velhos e cansados de tanto desgaste, os braços já não se balançavam paralelamente ao corpo, andavam de mãos enfiadas nos bolsos, os ouvidos, já há muito que não prestavam atenção ao tremendo ruído que os envolviam, limitavam-se a escutar a música, se assim lhe puder chamar, era empurrada para eles pelos auscultadores que tão alto berravam para se fazerem ouvir e a cabeça, esta que antes andava sempre erguida, encontrava-se agora pendente nos ombros fazendo com que todo o seu peso disposto no pescoço fazendo com que este se verga-se na direcção do sujo e tão espezinhado chão que eu pisava lentamente e a curtas pisadas à medida que me ia deslocando para onde quer que fosse.
Os poucos olás e escassos cumprimentos que de cabeça erguida distribuía foram-se reduzindo cada vez mais até terem desaparecido completamente.
O telemóvel que diária e intensamente era utilizados encontrava-se desligado, há tanto tempo que nem eu sabia há quanto ao certo.
Andava sozinho, não falava nem ligava a ninguém. Era agora um bicho. Individual e sem nutrir qualquer sentimento por mais pequeno e simples que fosse, apenas queria que me deixassem em paz no meu pequeno e indefinido espaço…

terça-feira, 11 de maio de 2010

Algo?
Algo, possivelmente, é algo que já outrora o foi.
Algo que foi e deixou de ser para mais tarde continuar.
Algo completa ainda mais algo com algo mais do que já lá está.
Algo cómico,
Algo triste,
Algo animado,
Algo sentimental,
Algo que nos faz chorar.
Algo veio e acrescentou-se a algo que já cá estava.
Algo que pouco era e que agora um pouco mais é.
Algo?
Sim, algo, única e somente algo que algo se limita a ser para um dia algo mais ser.
Breves momentos passam, longas memórias ficam. O tempo passa e o cansaço instala-se e por mais que se lute contra ele é inevitável, os olhos acabam por se fechar quer se queira ou não. Nada se ouve e nada se vê, reina a imaginação e flutuam memórias, umas mais recentes que outras mas todas se acabam por difundir num turbilhão de emoções passadas e presentes vividas. De repente vê-se uma enorme escuridão como se tudo deixasse de existir e de seguida é rompida pelos primeiros raios de sol matinais que entram de rompante janela a dentro e fustigam os olhos para que estes se abram. Faz-se força neles para que continuem fechados mas em vão e ao fim de pouco tempo estão completamente abertos a olhar para o tecto do quarto como se se tivesse passado algo que não se recordasse plenamente e, do nada, eis que surge uma dúvida:

“Terá sido somente um sonho?”

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Chegada e partida, mas com recordação

Um olá aqui, outro ali.
Correria após correria para que tudo se possa fazer ainda que menos bem acabe por ficar.
Perfeição se procura e imperfeição se encontra por mais que se viaje através da vastidão do olhar. Tentativas após tentativas seguidas de mais algumas fazem com que o outrora brilhante olhar desvaneça levando consigo o iluminante brilho do dia começando a revelar a agora longa e escura noite, solitária por si só. Silêncio capaz de se cortar à faca se escuta atentamente de longe. Tudo parado, sem movimento quase que inanimado.

TIC-TAC, Tic-Tac, tic-tac…

Acabo por me deixar derrotar deitando-me a seus pé. Não tinha o que quer que fosse que me provocasse uma reacção em mim.
Fecho os olhos e tudo o que se passava em meu redor deixou de importar. Magnificência de tamanho absoluto silêncio. Conscientemente fui perdendo a noção do que se passava, há quanto tempo assim estava e quanto tivera passado. Gradualmente acabei por me desligar por completo de tudo acabando por inanimado ficar.

“olá”

Um leve sussurro que me despertou o sentido da audição que uma vez desperto acordou a visão lançando um vago olhar para o céu que completamente escuro o tinha visto era agora preenchido por vagos pontos luminosos. As estrelas houveram aparecido entretanto no meio de tamanha solidão. Contavam-se pelos dedos quantas eram mas não era por isso que perdiam o seu esplendor perante um olhar singular.
Pequeno e meio perdido mas não o único, algo mais se avistara brilhante e resplandecente nesta sóbria vastidão tão pouco ocupada. Não tão pequena quanto as demais mas também não maior que elas. Cativante por ela própria. De baixo surge até o alto alcançar levando atrás dela toda a atenção do meu olhar para tão rara exibição de incomparável pura beleza. Toda a atenção focada num único ponto. Tentação de o alcançar, certeza da sua impossibilidade…
Breves momentos mais tarde dou comigo a escutar as batidas do meu próprio coração. Batidas formando uma suave harmonia dando vontade de fechar completamente os olhos e ouvir de corpo e alma. Lentamente e sem consciência fecham-se e rapidamente se abrem procurando ansiosamente por algo que ainda há pouco parecia certo e que era agora uma dúvida, tamanha ela que subjugava toda a distância existente pelo meio. Um lento movimento, o levantar de um braço para a alcançar, veio demonstrar o já antes concluído, a impossibilidade do seu alcance. Um novo tic-tac veio agora ao de cima não como os restantes mas como que algo conhecido sem se saber de onde ao certo, algo já sentido. Sem olhar ao relógio o tempo passava despercebido como se nada com ele fosse. Segundos deram lugar a minutos e momentos a horas. Um rasgo de luz percorreu o céu de uma ponta à outra revelando pormenores e com eles segredos ocultos. Uma cor de sol se viu, mesmo que momentaneamente, deixando guardada na memória tal imagem.
A vontade do toque aumenta levando a novas tentativas, inúmeras delas sem sucesso, uma delas embora que ténue chegou para sentir o suave e aveludado toque e ainda que apenas com a ponta dos dedos conseguiu reavivar a consciência do que se passava acordando-me do meu estado de sonolência no qual tinha entrado sem razão alguma, pelo menos alguma explicável.
A alcançada vontade do toque tornara-se uma necessidade. Tal necessidade levou-me a mergulhar, não um mergulho na praia ou na piscina mas um mergulho na profundidade de um olhar outrora vago e agora focado. De tanto mergulhar acabei por me perder nele mesmo, não me sentia perdido localmente, o local não me era estranho mas perdido interiormente embora não totalmente por já conhecer a sensação de algumas vezes a sentir. Não muitas mas as necessárias para saber como é.

Tudo o que começa acaba por terminar também e é o que tenho a dizer acerca disto. Começou, desenrolou-se e acabou. Não sei durante quanto tempo nem se definitivamente mas algo fica. O quê tem a ver com cada uma das partes. A minha eu sei-a mas não a restante e embora tenha uma certa e enorme curiosidade em sabê-la adoro a incerteza do não saber. Ter a dúvida da percepção da reacção e não saber o que fazer a seguir.

Reagir perante a reacção, qualquer um o pode fazer mas apenas poucos o fazem da maneira correcta. Se o fazem por burrice, ignorância, estupidez ou simplesmente o fazem por fazer então que o continuem a fazer, pode ser que assim alguém mais abra os olhos.

Sim, nas entrelinhas escrevo e delas falo mas não, disto não falo. Há quem saiba o porquê e quem o imagine. Quanto a quem lê apenas que leia com atenção e viva atentamente os pormenores pois estes realmente fazem toda a diferença.

É engraçado como duas coisas tão diferentes podem ser tão iguais não é?

Tec_Fil

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Doce tentação de novo

O tempo passa mas ela permanece
Não é necessário procurar muito
Basta apenas parar um pouco e ela surge
Parar para pensar, para reflectir
No correcto e incorrecto
Incertos tanto um quanto outro
E qual deles o mais…
A tentação, outrora doce
Agora se assume duvidosa
No ser e no porquê de o ser
Ilusões à realidade alusivas
De tantas palavras ouvidas
Antes doce
Agora questionável
Eis a nova face da tentação