terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Doce tentação

Fechada em algo que não ela
Sem abertura conhecer
Voltas e mais voltas
Todas elas em busca da chave
Chave que não se encontra
Chave que jamais se compra
Continua-se a procurar
Durante tempo incerto
Tenta-se uma e outra vez
Ora roda-se para a esquerda
Ora roda-se para a direita
Nada se ouve
Dia após dia
Chave seguida de outra chave
Pára-se para pensar
E se não é da chave?
E se é de quem a tem?
Com tanta chave experimentada algo se passa
Ou talvez até nem se passe nada
Certamente será esse o problema
No dia seguinte tenta-se algo diferente
Deixa-se de utilizar a força e usa-se a paciência
Esta aliada à perspicácia muito pode fazer
Voltas e mais voltas
Não às chaves
Mas antes à cabeça
Como cederá?
Levanta-se a questão
A resposta é simples
Não cede
Permanece impune ao resto
Amargura do desespero a crescer
A cada momento aumentando
Não se mostra parte de fraco
Revela-se algo mais para além do superficial
A cada palavra nova algo vem ao de cima
Tanta impureza libertada
Uma nova faceta revelada
Do nada algo cede
Um ligeiro ruído de fundo de uma fechadura a ranger
Algo se vê
Mas nada em concreto
Uma silhueta mal definida no meio de algo não melhor definido
Desilusão?
Podem-lhe chamar de tal se quiserem
Pessoalmente não o penso dessa maneira
Não desisto da ideia da definição
Muito menos de algo indefinido
Continuo mesmo quando dizem que basta
Uma indefinição não é suficiente por si
Da silhueta indefinível surge algo mais
Não dúvidas sobre o que será
Mas sim algo diferente
No meio de tanto eis que surge
A doce tentação de continuar
Porquê, perguntas
Tanto quanto tu
Também eu não sei responder

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