segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Viagens, quem não as faz?

Quem nunca deixa para trás as suas raízes nem se afasta de tudo o que o rodeia diariamente acaba por se resignar a ver sempre os mesmos rostos, os mesmos lugares. Tudo sempre no mesmo sítio, o seu sítio…
O café habitual sempre com os mesmos clientes dia após dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano. Cada vez que lá vou para beber o meu café matinal lá encontro o Sr. José, a Ti Emília e o padeiro que vem sempre àquela hora. A Associação Cultural, onde nos encontramos para distrair e falar um pouco de tudo, incluindo o futebol, a abrir e a fechar diariamente no mesmo horário. Todos os locais visitados por mim, tudo sempre no mesmo sítio. Isto torna-se monótono tal como a minha própria rotina.
Ao fim de algum tempo, o monótono torna-se em aborrecido e foi este aborrecimento que me levou seriamente a pensar em deixar este lugar onde estou completamente enraizado nem que temporariamente. Talvez pela curiosidade de descobrir o que se passa para além do que conheço, talvez pela própria necessidade de espairecer, de abrir os meus horizontes a algo completamente desconhecido, não o sei ao certo. Apenas algo chama por mim lá de fora.
Não foi preciso nenhuma eternidade para tomar uma decisão que para mim foi a mais acertada. Nesse mesmo dia, dirigi-me ao meu computador e fui à internet reservar um bilhete para o próximo voo para Londres. A data do bilhete findava daí a 3 dias. Foi o tempo necessário para preparar as malas, despedir-me das caras conhecidas, que, por sinal, eram muitas, aliás, toda a aldeia, descansar e, 2 dias depois, tomar o rumo do aeroporto.
Assim foi, depois de uma longa noite de sono, acabou por vir uma viagem até ao aeroporto onde, à chegada, levantei de imediato o meu bilhete e dirigi-me à porta lá indicada aguardando a ordem de embarque.
“Porta de embarque para o voo 710 aberta para todos os passageiros deste voo”
Era o que ansiava ouvir no meio de toda aquela tremenda confusão.
Após a mensagem passar, entrei de imediato pela porta de embarque e dirigi-
-me ao avião. Entrei, procurei o meu lugar e sentei-me esperando que os restantes passageiros fizessem o mesmo. Por sorte fiquei sozinho num lugar encostado à janela.
As hospedeiras fecharam a porta e ligou-se uma luz vermelha que indicava “apertar os cintos” para se prosseguir à descolagem.
Foi uma descolagem suave. Assim que levantámos voo, encostei a cara à janela e pasmei com tamanha beleza a passar por debaixo de mim.
Com a viagem de avião terminada, chega a altura de procurar as malas e de chamar um táxi.
Chego ao hotel onde me hospedaria um par de horas mais tarde.
Papelada tratada, malas desfeitas e tudo arrumado, é hora de partir à descoberta.
Bastaram alguns instantes para escolher o primeiro destino. Estava em Londres e o que é de Londres sem o Lincoln Park?
Foi o meu local de eleição. Um enorme e belo parque. Mesmo à entrada olhava atentamente para tudo o que me rodeava, parecendo querer guardar todo o cenário que estava a ver naquele preciso momento onde sentia o sol aquecer-me ao de leve a face e um vento suave a correr-me pelos cabelos.
Focava o mais ínfimo pormenor acabando por o memorizar. Passei a tarde a apreciar a beleza que me rodeava por completo.
Ao final da tarde, lá ia eu, já quase à saída do parque. Todo o parque parecia deserto até ao momento em que cheguei ao lago. Era aí onde se juntava um grupo de pessoas que dava de comer aos patos que por lá nadavam.
Toda a minha atenção se fixou nesse lago. Parecia que algo me chamava realmente a atenção. Varri-o com um vasto olhar como se procurasse algo, embora não soubesse o quê. Durante esse longo olhar rasante a tudo o que se passava à volta do lago, alguém olhou com certa curiosidade para mim como que a perguntar-se quem seria eu, o que fez com que eu não passasse tão despercebido quanto desejara.
Acabei por me sentir a mais naquele belo cenário onde o sol não tardara a pôr-se e já se notava um leve escurecer no ar, trazendo consigo um ligeiro arrefecimento.
Ajeitei a casaca que levava vestida para me abrigar do frio nocturno. Dirigi-me ao portão do parque e olhei para trás. “Lá ao fundo estava ela a olhar-me novamente. Que quererá? Eu não a conheço nem pouco mais ou menos sei quem é”. – pensei para mim enquanto a olhava.
Um barulho desviou-me a atenção e, quando a voltei a olhar, ela já lá não estava. Dirigi-me ao portão e saí em direcção ao hotel.
Tudo isto despertou experiências novas, sensações nunca antes vividas, novidades a cada esquina. É só procurar por elas. Afinal de contas, uma viagem é isto mesmo.
Alguns chamam-lhe moral da história, outros chamam-lhe conclusão, eu prefiro chamar-lhe questão.
De que vale a pena ficar-se pelo que se tem mesmo ao lado se se tem uma infinidade de descobertas a fazer pelo mundo fora?

Tec_Fil

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