segunda-feira, 17 de maio de 2010

Sentado e desligado de tudo enquanto se vê todo o resto a prosseguir. Pessoas a andar numa amena correria de um lado para o outro, carros que simplesmente nunca param, pássaros a voarem e até a própria dança das folhas ao vento que quase estão ao ritmo da música que se ouvia, não ensurdecedora mente mas alta o suficiente para abafar o que se movimentava em redor.
A música toca e o relógio parece ir parando aos poucos de forma imperceptível, pelo menos para quem ia passando. Nada nem ninguém parava para o observar, assim era o ritmo da cidade, tudo avança sem olhar para trás e assim era dia após dia, 365 dias por ano.
Pouco a pouco fui esquecendo tal ritmo e ia ficando para trás, cada vez mais para trás. Os pés perderam a velocidade que tinham, sentiam-se velhos e cansados de tanto desgaste, os braços já não se balançavam paralelamente ao corpo, andavam de mãos enfiadas nos bolsos, os ouvidos, já há muito que não prestavam atenção ao tremendo ruído que os envolviam, limitavam-se a escutar a música, se assim lhe puder chamar, era empurrada para eles pelos auscultadores que tão alto berravam para se fazerem ouvir e a cabeça, esta que antes andava sempre erguida, encontrava-se agora pendente nos ombros fazendo com que todo o seu peso disposto no pescoço fazendo com que este se verga-se na direcção do sujo e tão espezinhado chão que eu pisava lentamente e a curtas pisadas à medida que me ia deslocando para onde quer que fosse.
Os poucos olás e escassos cumprimentos que de cabeça erguida distribuía foram-se reduzindo cada vez mais até terem desaparecido completamente.
O telemóvel que diária e intensamente era utilizados encontrava-se desligado, há tanto tempo que nem eu sabia há quanto ao certo.
Andava sozinho, não falava nem ligava a ninguém. Era agora um bicho. Individual e sem nutrir qualquer sentimento por mais pequeno e simples que fosse, apenas queria que me deixassem em paz no meu pequeno e indefinido espaço…

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